2. O CRISTÃO
Não deve haver dicotomia entre o comportamento
pessoal do cristão diante dos poderes constituídos e o comportamento da igreja
de Cristo como todo. Isto significa que a orientação da igreja segue a revelação
de Deus sobre o assunto, e como tal deve ser obedecido por todos os membros do
corpo de Cristo. Imaginemos uma mão intencionando fazer uma coisa e a outra mão
intencionando fazer outra coisa. Ambas não realizariam nada porque não poderiam
atuar em projetos diferentes. Ou, se a cabeça ordenasse a mão que se
posicionasse numa determinada direção e a mão se dirigisse em outro sentido.
Nada se realizaria. Igualmente o corpo de Cristo que é a igreja não poderá se
dissociar dos ensinos da Palavra revelada. Deve haver coerência, metas e
objetivos a serem alcançados. Assim, os mesmos princípios aplicados a igreja
devem ser aplicados a todos os crentes isoladamente.
A participação do crente na política tem sido
muito questionado em nossos dias. O que mais chama à atenção da comunidade
cristã no exercício dos cargos eletivos, é que os testemunhos daqueles que tem
alcançados os cargos públicos. Tanto na área do legislativo como do executivo, e
até mesmos em cargos de confiança dos governos, tanto a nível federal como
estadual, tem deixado muito a desejar, pelo menos é o que temos observado entre
muitos dos que tem sido eleitos.
Após a abertura democrática no país,
verificamos uma crescente ascendência de evangélicos ingressando na carreira
política. Ao mesmo tempo temos visto que muitos destes irmãos não conseguiram
sua reeleição, em eleições posteriores, pelo simples fato de terem fracassado
como políticos. Muitos escandalizaram o evangelho de tal modo que tornaram-se
opróbrio no meio do povo de Deus. Decepção e escândalo para o evangelho e para a
Igreja de Cristo. Não estavam aptos para exercerem os cargos eletivos à luz da
palavra e testemunho do evangelho como sal da terra e luz do mundo. O seu sal
tornou-se insosso para a terra e a luz apagou-se no meio das trevas.
O crente pode e deve encarar a carreira
política como algo natural, como se fosse uma outra carreira qualquer, dentro da
nossa sociedade. Os cargos eletivos e de confiança nos diversos escalões do
governo estão tanto para o ímpio como para o cristão. E, a Bíblia em nenhum
momento menciona a desaprovação de Deus quanto a fazer acepção de pessoas, para
o exercício do poder. Na história do povo hebreu vimos que José foi vendido por
seus irmãos. No Egito ele não se corrompeu diante das tentações da mulher do
Ministro Potifar e pagou caro pela sua fidelidade ao seu Deus. Foi preso e
castigado, mas levantou-se quando o Rei precisou de quem interpretasse o seu
sonho. José interpretou o sonho e em seguida foi nomeado Governador, tornando-se
uma benção para o Egito e mais tarde para o povo hebreu. (Gen. 41:38-40).
No cativeiro babilônico Daniel preferiu não se
alimentar dos manjares do rei. Tornou-se tão belo e forte quanto os demais
cativos do reino destinados a serem instruídos nas letras e língua dos caldeus.
(Dan. 1:4). Daniel foi ricamente abençoado por Deus no meio de um povo estranho
tornando-se príncipe no meio deste povo estranho (Dan. 6:2). Foi condenado a
cova dos leões, mas não se prostrou, nem prestou adoração ao rei Dario, antes
manteve-se fiel a Deus. Passada a noite Daniel manteve-se vivo pela proteção de
Deus que fechou a boca dos leões. Daniel saiu amparado pelo Rei Dario que já
havia se arrependido de seu edito. Agora fez um novo decreto publicado e
divulgado para cumprimento em todo o domínio do império para que todos os homens
temessem e tremessem diante do Deus de Daniel. “...porque ele é o Deus vivo e
para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até
o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele
livrou Daniel do poder dos leões” (Dan. 6:26-27). Deus foi glorificado na vida
de seu servo Daniel. O cristão glorifica a Deus e é uma benção para os homens e
para as nações quando se mantém fiel ao Senhor.
Augusto Bello de Souza Filho
Bel em Teologia
